3 tendências que irão moldar o futuro do setor elétrico

3 tendências que irão moldar o futuro do setor elétrico

Diante da transição global para uma economia de baixo carbono, as fontes renováveis lideram investimentos, com destaque para a contratação no Mercado Livre de Energia.

Três tendências deverão moldar o futuro do setor elétrico nos próximos anos: descarbonização, descentralização e digitalização. Elas influenciarão negócios e relacionamentos entre quem oferece serviços e produtos relacionados à energia elétrica e quem os compra.

1) Descarbonização

Diante da transição global para uma economia de baixo carbono, as fontes renováveis lideram os investimentos, com destaque para a contratação de energia no mercado livre. Estudo da Associação Brasileira das Comercializadoras de Energia Elétrica (Abraceel) aponta que, entre 2021 e 2025, entrarão em operação 34,5 GW de capacidade instalada no país, sendo que dois terços desses empreendimentos são dedicados exclusivamente ao mercado livre de energia.

Dos R$ 142 bilhões de investimentos previstos até 2025, o mercado livre de energia responde por cerca de 70% desse montante, segundo o mesmo estudo da Abraceel. Ele será fundamental para viabilizar o avanço da energia renovável:

– 92% da expansão da energia solar entre 2021 e 2025 se refere a projetos no ambiente de livre contratação,
– 88% do acréscimo de potência em biomassa também está voltado ao mercado livre;
– Não é diferente em energia eólica (72%), nem para o desenvolvimento de PCHs (62%).

A Enel Green Power, empresa do Grupo Enel responsável pela implantação de usinas de geração de energia renovável, está investindo R$ 5,6 bilhões na construção de cinco projetos de geração renovável no Nordeste, que somarão 1.300 MW em capacidade.

Matriz elétrica brasileira

A matriz elétrica brasileira, considerando dados de junho de 2021, é composta por 85% de fontes renováveis. Dentre as fontes que geram eletricidade, 65% é proveniente de hidrelétrica, 10% de eólicas, 8% das usinas de cana-de-açúcar e 2% de solares.

Assim, a matriz elétrica brasileira de renováveis além de diversificada, é complementar. Quando ocorre o período seco, de maio a novembro, as hidrelétricas perdem água, mas a biomassa de cana-de-açúcar pode compensar parte dessa perda.

Os ventos que fazem girar as turbinas das eólicas sopram mais de madrugada, enquanto o sol brilha no horário de maior consumo. Esse cenário de crescimento da geração de energia elétrica provenientes de fontes renováveis impulsiona o surgimento de novas tecnologias que ganham espaço em equipamentos mais eficientes e, ainda, com novas soluções tais como: usinas híbridas, redes inteligentes, veículos elétricos, hidrogênio verde e armazenamento/baterias.

Hidrogênio verde

Em 2020, o Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050) apontou o hidrogênio como uma tecnologia disruptiva e como elemento de interesse no contexto da descarbonização da matriz energética, elencando diversos usos e aplicações, além de trazer recomendações para a política energética.

Nesse sentido, em 2021, a EPE publicou as “Bases para a Consolidação da Estratégia Brasileira do Hidrogênio”, buscando consolidar aspectos conceituais e fundamentais para a subsidiar a construção da estratégia brasileira de hidrogênio.

Em consequência, ainda durante o ano de 2021, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) publicou a Resolução CNPE nº 6 de 2021, que trata de determinação para a proposição de diretrizes para o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), aprovada em agosto de 2021 em reunião entre CNPE e Ministério de Minas e Energia (MME).

Este programa almeja contribuir de forma significativa para que o país caminhe na rota do desenvolvimento sustentável com o aumento da competitividade e da participação do hidrogênio na matriz energética brasileira, tendo em vista sua importância econômica, social e ambiental para o desenvolvimento.

O crescimento das energias renováveis favorece a produção do hidrogênio verde, produzido através da eletrólise da água em células eletroquímicas especiais para a separação do hidrogênio do oxigênio. Como resultado, os processos de saída e produção são 100% livres de carbono.

O hidrogênio tem um papel eficiente para descarbonizar as partes da economia que não podem ser eletrificadas fácil ou economicamente, responsáveis ​​por mais de 25% das emissões globais de gases de efeito estufa a nível global (2019). Esses setores incluem cimento, fertilizantes, siderurgia, refino, químico, papel e celulose, ao lado de transporte marítimo e aviação.

O Ceará é um dos destaques no país e pode receber mais de US$ 5 bilhões de investimentos nos próximos anos para o desenvolvimento e construção do HUB de Hidrogênio Verde, que visa criar uma cadeia de produção, exportação e distribuição de H2 a partir de energias renováveis.

Armazenamento/baterias

Soluções como aquelas obtidas por meio da associação de usinas a sistemas de armazenamento, permitem não só a otimização da operação como também tornam factível o suprimento à demanda de potência do Sistema Interligado Nacional (SIN) e atendimento de carga por fontes não convencionais, como eólica e solar, uma vez que são dispositivos extremamente programáveis e proporcionam maior controle do perfil da geração renovável, compensando intermitências e suavizando a inserção destas à rede.

Tais fontes, quando associadas a baterias, são capazes de prover flexibilidade operativa em momentos de necessidade do sistema, intensificando sua capacidade de injeção de potência ao sistema.

O emprego e oferta desta tecnologia inovadora tem-se mostrado como boa prática na concretização de mecanismos de contratação de capacidade ao redor do mundo, com resultados cada vez mais positivos e economicamente eficientes no atendimento a este atributo.

2) Descentralização

A figura do consumidor também passa por mudanças. Ele deixará de ter uma postura passiva e passará a participar do balanço energético, podendo gerar energia ou utilizar carro elétrico.

O mercado livre de energia deverá crescer ao longo dessa década no Brasil e poderá, inclusive, chegar aos clientes conectados na baixa tensão (possivelmente até residenciais), diante da tendência mundial de maior autonomia do consumidor em um momento em que o carro elétrico, as redes inteligentes e a digitalização avançam.

Na Europa, Japão e Estados Unidos, a maioria dos consumidores já tem essa liberdade. Uma parte dessa mudança deverá vir das redes inteligentes de energia, que deverão implementar a adoção de medidores inteligentes bidirecionais, que não apenas leem o consumo, mas podem vir a permitir que o consumidor comercialize excedentes, por exemplo, com a instalação de placas fotovoltaicas no telhado de sua residência.


3) Digitalização

A digitalização é outra vertente que ganhará espaço no setor elétrico nos próximos anos. O avanço do mercado livre de energia, dos carros elétricos e das redes inteligentes trazem a necessidade de maior inteligência para comercializadoras e consumidores. Investir em soluções tecnológicas e inovadoras é uma forma de as comercializadoras se aproximarem dos clientes e reduzir custos, duas vertentes cada vez mais importantes.

Já os consumidores passarão a ter mais dados em mãos. As redes inteligentes, por exemplo, permitem que o cliente avalie o consumo de cada eletrodoméstico/equipamento em tempo real, podendo fazer com que estes funcionem quando o consumo é menor e o preço mais baixo. Aplicativos podem ser criados e permitir a melhor gestão do consumo de energia.

A digitalização, com o avanço da inteligência artificial e análise de dados, também permitirá ganhos crescentes no mercado livre, com as comercializadoras atuando muito além da compra e venda de energia. Com mais informações em mãos, podem ser criados produtos específicos que atendam às particularidades do uso de energia de cada consumidor.

Um exemplo prático desse avanço é o acompanhamento do consumo em tempo real, no qual o consumidor pode acompanhar a seu consumo e sua fatura e ter uma maior gestão e previsibilidade dos seus custos.



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